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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Nas cinzas das horas








O que o tempo leva?



"[...]Vem, vambora que o que você demora é o que o tempo leva."

Entre livros, cadernos, canetas, anotações duas perguntas vieram a cabeça: O que se esconde nas 
horas cinzas? O que o tempo leva? 

A cinza das horas foi o primeiro livro do poeta Manuel Bandeira, escrito no período de sua doença e publicado em 1917.

Os poemas basicamente são marcados pela certeza da morte, pela incerteza do porvir,  pela melancolia poética que só encontramos em poucos poetas, pela angustia do agora.

Bandeira uma vez falou sobre A cinza das horas: "desejava apenas dar-me a ilusão de não viver inteiramente ocioso."

Faço das palavras do grande poeta as minhas. Palavras são meu jeito mais secreto de calar, de gritar, de ter a ilusão de não viver inteiramente ociosa.

Alguns consideram a cor preto como sinal de luto, de tristeza, de morte.

Considero o cinza como a cor do silêncio, da reflexão, das horas inertes dentro de nós mesmos.

Nas horas cinzas cabem tudo: a solidão, o desejo, o medo, a saudade de um amor perdido, de alguém que se foi, uma desilusão, uma decepção, um amigo, uma esperança...

O que o tempo leva? Bem, leva basicamente tudo, o que deixa é apenas saudades, mágoas e algumas vezes esperanças, mas essas quase sempre, incertas.

E nessas horas cinzas, inertes, pensativas, trabalhosas, agonizantes, com ou sem lágrimas o que há de se fazer é escrever, escrever, escrever...

Que nossas horas cinzas não sejam ociosas ou pesarosas, mas que sejam reflexivas e bonitas e doces e encantadas e verdadeiras e NOSSAS (principalmente).

Que assim seja!


Nas cinzas das horas.



"Eu faço versos como quem chora, de desalento... de desencanto...Meu verso é sangue. Volúpia ardente...Tristeza esparsa... remorso vão... Eu faço versos como quem morre." Manuel Bandeira